Wilmar Carregozi Miranda – Diretor Presidente do Sinpojufes
Servidor da Justiça Federal no Estado do Espírito Santo (TRF-ES)
É inegável o grande desafio a ser enfrentado pelo conjunto dos Servidores Públicos, não só no ano de 2018, mas também para os anos futuros. Há um claro e franco desmonte da estrutura do Serviço Público materializado através da edição da Emenda Constitucional nº 95/16 e da posterior Reforma Trabalhista contemplada em conjunto com a recente Lei da Terceirização. O passo seguinte se pretende com a aprovação da Reforma Previdenciária, naquilo que se refere ao Regime Próprio do Servidor Público.
As consequências a serem observadas no Serviço Público com a aplicação do conjunto de normas acima já são amplamente debatidas e têm se revelado nefastas, posto que em nada se tem observado qualquer avanço de qualidade. Ao contrário, o que se vê é a flagrante perda de direitos por parte dos Servidores Públicos provocando tão somente a deterioração do ambiente de trabalho e da prestação do Serviço Público aos cidadãos.
Nesse cenário há que se questionar: que papel deve desempenhar o sindicato?
Mas a questão acima somente terá condições de ser legitima e satisfatoriamente respondida se, antes, as entidades solucionarem o seu atual e aguçado estado de esquizofrenia, onde grupos internos vivem a digladiar-se pelo estabelecimento da prevalência da condução de lutas sindicais ou de lutas políticas.
O universo sindical hoje – e já de algum tempo – abriga visões de mundo distintas. Ter os sindicatos como espaços de mobilização ampla com objetivo de propor e elaborar programas e estratégias a partir de uma percepção da realidade que contemple uma necessidade da classe trabalhadora em assumir o controle geral da sociedade ou como espaços de articulação voltados ao atendimento das necessidades imediatas, econômicas e corporativas dessa mesma classe trabalhadora.
Se por lado, no primeiro grupo, verificamos a existência de uma concepção de sindicato que o entende como apto a capitanear o Estado a um modelo socialista e solidário, o que seria absolutamente desejável, por outro lado, há que se reconhecer que tal realidade não se apresenta como hipótese que permita afastar a entidade sindical de seu papel de cuidar dos interesses – imediatos – que decorrem de uma sociedade que avança em termos tecnológicos a tal velocidade que modifica as relações de trabalho de um dia para o outro.
E se, no segundo grupo, verificamos uma concepção de sindicato que se apresenta representativo na atuação voltada àsconquistas de interesses cuja satisfação se apresente imperativa à manutenção digna do trabalhador ante suas necessidades básicas, há, igualmente, que se reconhecer que é imprescindível resistir ao que tem se apresentado atualmente como uma vontade quase que incontrolável de ceder ao estabelecimento um liberalismo econômico que vem conduzindo a um processo de retirada de direitos da classe trabalhadora e promoção de concentração de riquezas nas mãos de pequenos grupos detentores de poder, descompromissados com o efetivo interesse ver uma sociedade melhor.
Ou iniciamos com urgência um movimento voltado a uma aproximação dos interesses, apenas aparentemente, antagônicos ou estaremos todos, trabalhadores e seus sindicatos, fadados a insucessos futuros, seja na intenção de conquistas imediatas, seja na intenção de mudar o mundo.
Este é um espaço dedicado à publicação de artigos de autoria dos Diretores do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal no Estado do Espírito Santo (Sinpojufes). O conteúdo aqui veiculado representa a opinião exclusiva do seu autor e não necessariamente condiz com os ideais do Sinpojufes, tão pouco do coletivo da Diretoria Executiva do sindicato.